quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Detenta


Quando estamos asilados dentro de nós é preciso que tenhamos coragem de achar a chave, é uma prisão que não faz bem, preciso me libertar de mim, sair de dentro da minha cabeça, soltar esse grito que cria um nó que incomoda, que afugenta, que aflige, que insana... Preciso soltar de dentro de mim essa vontade do “não sei o quê”, vontade do “talvez quem sabe?”... Preciso me libertar do “talvez”, parar de me alimentar de uma ração recheada de futuro com validade vencida, preciso parar de ouvir essa voz que me manda ficar quando sei que eu preciso sair de dentro de mim o mais rápido possível, antes que eu fique presa para sempre, antes que o portal se feche de vez... Preciso parar de ter medo “não sei de quê” e parar de ouvir um tal “não sei quem”, “o alguém” percebe que pelas grades eu suplico por ajuda, implorando ao menos um copo d´agua, meu corpo já está desidratado de se derramar em lágrimas quando tudo é silêncio ao redor e ninguém consegue me ouvir, pois mesmo presa, mesmo atada nessa cadeia de segurança máxima que se tornou minha mente, eu não quero que ninguém perceba o quanto é desesperador mais uma vez me encontrar perdida nesse mundo inacabado e sem respostas, nessa esperança de que um dia haja esperança, nessa vontade que “o ali” exista... Sei que o amanhã é incerto e que o advogado que pode conseguir habeas corpus, cobra honorário a cima do que meu limite sentimental pode pagar... E o que mais dói nisso tudo é quando você sabe que teve escolha, podia sair dessa muito antes de ser indiciada, podia nem ao menos ter sido levantada a suspeita... Mas não, esse coração asinino não aprende, sempre tem esse hábito de cometer o crime de amar tão fortemente e novamente ficar detido esperando o julgamento, esperando que o jure popular decida se eu me liberto ou não desses e muros e grades que vem me contendo, decisões já não tomo mais, ou até tomo, tenho a certeza do que fazer, mas na hora, nada se consuma, sempre existe um perfume de contensão, mais forte que qualquer algema, mais intimidador que qualquer arma de fogo, esse me contem, me amarra, me prende de vez... E mais uma vez volta eu, para trás dessas grades que são meus pensamentos e acompanhada por meus companheiros de cela, o diabinho que me manda a todo o momento fugir disso e o anjinho que me diz o tempo todo que a calma e a paciência são minhas melhores amigas e vão sempre estar ao meu lado, seguindo comigo até o momento do tão esperado triunfo...
Essa angustia dentro de mim é inenarrável... É um saber o que quer misturada ao que não deve ser feito, ou ao que poderia ser feito, mas não é, é uma vontade de não querer misturada ao amor que consome, que corrói que desvirtua, que enlaça, quer enreda, que avassala, que tira os pés do chão... É o sentir-se mesmo sabendo que não se é, é o sofrer com a presença já pensando na ausência...
Preciso urgentemente de uma dinamite, para jogar toda essa prisão para os ares e sair daqui correndo, antes que saia minha condenação e seja eu condenada a prisão perpétua, e sem direito a recorrer à sentença... Mas quando o relógio da bomba está preparado para que tudo se desfaça me vem à pergunta: será mesmo que eu quero sumir daqui? Fugir de mim? Fugir de você que está aqui dentro de mim tentando me segurar? Será mesmo que eu quero?? E assim mais e mais tempo vai passando e cada vez mais eu enraizando aqui nesse lugar úmido e frio, feio e estranho que é minha mente sem você!!
CONFUNDO-ME
GAS